Grande Prêmio da Itália de 1986

Apesar da péssima fase, os tifosi não perderam a oportunidade de fazer seu ritual anual e rumarem a Monza para o Grande Prêmio da Itália para torcer pela Ferrari. Mesmo vindo de um pódio duplo, todos sabiam que a Ferrari não teria chances em condições normais de corrida, com Williams, McLaren e Lotus (leia-se Senna) dominando o final de semana. Como normalmente ocorre, a Ferrari esperou Monza para anunciar sua grande contratação para o próximo ano. Não, não se tratava de Gerhard Berger, que estava se destacando com a Benetton e correria em 1987 pela Ferrari, mas sim John Barnard, o homem por trás do sucesso da McLaren nos últimos anos. O projetista fez inúmeras condições para assinar o contrato com a Ferrari, inclusive continuar morando na Inglaterra, pois odiava a Itália...



Voltando às pistas, todos estavam espantados com a incrível velocidade do motor BMW, que empurrava os Benettons rumo a ótimas posições no grid. Prost, que ficou em 2º no grid, chegou a insinuar que a Benetton tinha uma vantagem de cerca de 20 km/h no final da reta! Correndo em casa, Teo Fabi largaria na ponta, mas não teria a torcida dos seus compatriotas, mais preocupados com a saúde de Michele Alboreto, que havia sofrido um acidente de moto e não estava 100% para seu final de semana caseiro. Se um ano antes Alboreto brigava pelo título, em 1986 o italiano da Ferrari brigava para ficar entre os dez no grid...

Grid:

1) Fabi(Benetton) – 1:24.078

2) Prost(McLaren) – 1:24.514

3) Mansell(Williams) – 1:24.882

4) Berger(Benetton) – 1:24.885

5) Senna(Lotus) – 1:24.916

6) Piquet(Williams) – 1:25.137

7) Warwick(Brabham) – 1:25.175

8) Rosberg(McLaren) – 1:25.378

9) Alboreto(Ferrari) – 1:25.549

10) Patrese(Brabham) – 1:26.111

O dia 7 de setembro estava ensolarado como sempre acontece em Monza no início de setembro e por isso, são raríssimas as corridas na Itália com chuva ou com tempo nublado. As largadas em Monza sempre são críticas por causa da estreita chicane logo após a luz verde, mas na verdade o drama ocorreu ainda antes da luz vermelha. Quando os carros se preparavam para iniciar a volta de apresentação, Prost tinha claros problemas em sua McLaren e teve que sair correndo para pegar o carro reserva, algo claramente contra as regras e o francês seria desclassificado mais tarde por esse conduta. Porém, pior situação teria Teo Fabi. O italiano ainda conseguiu andar alguns metros antes do seu Benetton estancar. Isso significava que Fabi largaria no fim do grid e conquistaria uma recorde negativo na história da F1: mesmo tendo duas poles na carreira, Fabi nunca liderou uma única volta na F1.

Alçado à primeira posição de forma inesperada, Mansell não aproveita sua vantagem e é ultrapassado por Berger na largada, mas para Senna as coisas seriam ainda piores, com o brasileiro tendo problemas de transmissão em sua Lotus e por sorte não é atingido por ninguém. Com este abandono, os sonhos de Senna de conquistar o título ficariam ainda mais longe. Berger consegue uma vantagem segura na primeira posição, seguido pelas duas Williams, de Mansell e Piquet, nessa ordem. Arnoux tinha conseguido uma ótima largada, mas seria ultrapassado pela Ferrari de Alboreto na reta dos boxes e o circuito de Monza vibrou como nunca. O italiano da Ferrari, de forma surpreendente, conseguia seguir o ritmo os três pilotos à frente, que desaparecia fronte aos demais. O ritmo forte de Berger na ponta seria cobrado rapidamente e para não enfrentar uma pane seca, o austríaco diminuiu seu ritmo e rapidamente foi alcançado pelos pilotos que vinham atrás dele. Mansell ultrapassou Berger na sétima volta na reta dos boxes, enquanto Piquet e Alboreto o fariam na volta seguinte no mesmo local.

Andando muito forte na frente de sua torcida, Alboreto não deixava as duas Williams escapar, mas correndo no limite, os erros ficam mais suscetíveis e o italiano acaba perdendo o controle de sua Ferrari após a primeira chicane na 16º volta, batendo sua Ferrari de leve no guard-rail. Alboreto ainda retornaria a corrida e imprime uma forte recuperação que o deixaria em 5º, mas o italiano acabaria por abandonar, para grande tristeza da torcida italiana. Após as paradas para troca de pneus, a ordem era: Mansell, Piquet, Berger, Johansson e Rosberg. Com as duas Williams disparadas na frente.

Porém, Piquet retorna dos pits mais rápido e de uma corrida estratégica, onde apenas perseguia Mansell, o brasileiro passava a atacar o seu companheiro de equipe e rival. Ordens de equipe eram impossíveis de serem dadas e na 38º volta, Piquet tentou passar Mansell no final da reta dos boxes, com o inglês fechando a porta. Sem se dar por vencido, Piquet sai mais forte da chicane e fica lado a lado com Mansell na entrada do Curvão, dando um chega-pra-lá no Leão para assumir a primeira posição da corrida. E Piquet não perderia mais a ponta, vencendo mais uma vez no campeonato e externava suas dificuldades dentro da Williams. “É muito difícil lutar pelo campeonato com alguém tão bom quanto Nigel, que tem o mesmo carro, a mesma informação, que sabe tudo sobre mim, sobre meus acertos... é muito, muito difícil.” Nesse momento, a luta dentro da Williams estava para lá de acirrada, mas Piquet tinha se esquecido de olhar um perigoso fator externo: Alain Prost.

Chegada:

1) Piquet

2) Mansell

3) Johansson

4) Rosberg

5) Berger

6) Jones

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