A aventura de Piquet em Indianápolis

Já que a poucas semanas tivemos as 500 milhas de Indianápolis que tal falarmos de um brasileiro que se aventurou por lá? Portanto vamos falar de Nelson Piquet e sua aventura em Indianápolis.

A saída de Nelson Piquet da Fórmula 1 fora desagradável. Embora tivesse tido um bom desempenho nas temporadas de 1990 e 1991 na Benetton, incluindo três vitórias e o 3° lugar no campeonato de 1990, calhou justo para o tri-campeão Piquet ser a primeira vítima de Michael Schumacher na Formula 1. Primeiro, o alemão foi contratado com a dispensa grosseira do amigo Roberto Moreno, com a esfarrapada desculpa de que o brasileiro tinha problemas de saúde, isto após ter marcado a volta mais rápida no difícil circuito de Spa-Francorchamps!!! Uma vez na Benetton, Michael imediatamente se aproximou e ultrapassou os tempos de classificação de Piquet, com performances equilibradas nas corridas.

Cobra criada, Piquet viu que disputar com o alemão na mesma equipe seria um páreo e tanto, e por outro lado, não haviam outras oportunidades viáveis na categoria. A aposentadoria era inevitável.

Só que Piquet não era velho, e ainda gostava de correr. A opção óbvia era correr em Indianápolis, onde, após Emerson Fittipaldi ter-se tornado um dos ídolos da CART, as portas sempre estavam abertas para os brasileiros, o que não era o caso dez anos antes.

Arranjar patrocínio e carro não foram tarefas difíceis para Piquet, que seria o quarto brasileiro a participar das 500 Milhas de Indianápolis.

Todo piloto iniciante em Indianápolis tem que passar um “rookie test” independente de ser ou não campeão mundial. Jim Clark, Jackie Stewart, Graham Hill, Jack Brabham, todos tiveram que se submeter ao teste. Piquet passou sem problemas. O carro de Piquet não era dos melhores, uma Lola com motor Buick normalmente aspirado do Team Menard, equipe que participava somente dessa corrida, e que se especializava em obter boas colocações nas largadas, mas tinha resultados pífios nas corridas.

Infelizmente, durante uma sessão de treinamento, a Lola sofreu uma falha mecânica, e bateu frontalmente num dos muros que rodeiam a pista. O piloto sofreu uma concussão, e seus pés se esmigalharam, de acordo médicos que lhe atenderam. De fato, muitos especialistas consideravam difícil que Nelson voltasse a andar. Veja o vídeo do acidente aqui.

Com a carreira aparentemente terminada, Piquet continuou o ano se recuperando, com muita dor e fisioterapia.

O que leva os pilotos a se arriscarem novamente, após sofrerem terríveis acidentes? Alguns se queimam brutalmente, como Niki Lauda, outros perdem pernas, como Alex Zanardi, e muitos voltam assim mesmo. Basta estar vivos, voltam. Dizem que os pilotos ficam viciados na adrenalina. Alguns mais cínicos dizem que é por causa do dinheiro, uns mais críticos, que é mera loucura. Há quem diga que é puro heroísmo e coragem.

Seja qual for o caso, Piquet resolveu que disputaria as 500 Milhas de Indianápolis de 1993.

Os americanos têm um termo para isso: “closure”. Piquet tinha um negócio mal resolvido com a pista de Indianápolis, e embora nutrisse esperanças de ganhar a corrida em 1992, apesar do carro da Menard, obviamente o objetivo era outro em 1993.

Com patrocínio da Arisco e STP, Piquet foi inscrito nas 500 Milhas de Indianápolis de 1993, com uma Lola Buick da Equipe Menard. O pior foi encarar a pista, mas uma vez lá, Piquet conseguiu se classificar sem problemas para a largada, de fato, marcando o 13° tempo e largando na frente de outros vinte concorrentes.

A carreira de Piquet em Indianápolis foi curta: o motor Buick durou somente 38 voltas na corrida, e Nelson foi o segundo piloto a abandonar. Piquet ainda teve o prazer de ver os conterrâneos Emerson Fittipaldi e Raul Boesel chegar em 1° e 4° lugar, e fez o seu “closure” com Indianápolis.

Mas ainda havia Le Mans a ser conquistada...



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