CARACCIOLA Parte 1

No ano de 1926 e com grande persistência CARACCIOLA foi para Stutgart para pedir um carro oficial à equipa MERCEDES, para disputar o novo GP da Alemanha. CARACCIOLA já tinha ganho umas provas de pouca importância e talvez fosse capaz de fazer aquilo que dizia e então decidiram emprestar-lhe um carro mas deveria correr como independente e não como piloto de fábrica. Assim se fracassasse ou chocasse, a fábrica não apareceria ao público como responsável do acidente.

E assim foi como CARACCIOLA apareceu para o GP da Alemanha em Avus, em Berlim. Só, acreditando que aquela era a única oportunidade que lhe aparecia na vida, de se experimentar a si mesmo, tomou assento no carro e pilotou tão rápida e furiosamente como lhe foi possível. Começou a cair então uma verdadeira tromba de água. A metade do tempo não podia ver para onde ia, e quando o podia fazer era somente para ver algum carro que tinha chocado e estava a arder ou que se tinha lançado para o público.


CARACCIOLA carecia de experiência, não dispunha tão pouco de nenhuma equipa que das boxes o aconselhasse durante a corrida e não fazia ideía durante a corrida de onde se encontrava. Simplesmente conduzia tão rápido quanto possível, apertando o acelerador uma e outra vez sob espessa chuva, empalidecendo perante o pensamento de que havia outros carros que iam à sua frente. Nunca os apanharia e não haveria nenhuma fábrica que a partir dali lhe voltasse a dar um volante para correr.


E então a corrida acabou, CARACCIOLA passou a meta, molhado até aos ossos, tremendo de frio e, deprimido e perfeitamente convencido de que tinha perdido. Quando lhe disseram que tinha chegado em primeiro lugar, com umas quantas milhas de diferença, nem podia acreditar. Tinha ganho! CARACCIOLA não cabia em si de contente.


Deslumbrado pelo brilho da vitória, continuou a ser valente e pediu à rapariga dos seus sonhos que casasse com ele. Ela vivia num hotel, do outro lado da cidade onde se encontrava a exposição de automóveis aonde ele vendia carros e sempre a amara à distância. Comprometeram-se logo naquela noite. Como motivo daquela vitória , CARACCIOLA abandonou o emprego, daí em diante seria corredor profissional. «Serei o melhor ou abandono as corridas» Prometeu ele a sua noiva.


AS 3 provas chave na sua carreira foram os GP de Mónaco dos anos de 1932, 1933, 1934. Desde aquele GP da Alemanha tinha ganho regularmente. Dois GP da Alemanha, O TT, as 1000 Milhas, no ano de 1932 como a Mercedes deixou de produzir carros rápidos, passou para a Alfa-Romeo. Mas houve luta. Afábrica queria-o mas os outros pilotos não. Todos eram italianos. TAZIO NUVOLARI, MARIO BORZACHINI, GUIUSEPPE CAMPARI.


Corriam todos constituindo equipa e repartiam ganhos proporcionalmente. Pilotavam um carro pequeno e rápido, partindo da base que CARACCIOLA habituado a pilotar os pesados Mercedes, daquela época, não o saberia conduzir. Mas a casa Mercedes já não existia para CARACCIOLA e como de momento não tinha contrato que valesse a pena , assinou o contrato embora naquele ambiente de frieza e desconfiança.


O contrato estipulava que tripularia carros da casa Alfa-Romeo como piloto independente. De modo que, portanto, não pertencia oficialmente à equipa. A 1ª corrida foi as Mil Milhas. Foi à cabeça, durante todo o tempo até Roma e depois talves por alguma falha na condução do carro, avariou em Verona. Quando CARACCIOLA regressou à fábrica discutiu violentamente com CAMPARI.


Os outros Alfa tinham terminado nos 3 primeiros e o sorriso que CAMPARI lhe dirigiu era do mais irónico, como se quisesse expressar com ele(assim o declarou CARACCIOLA mais adiante)

»Sabíamos que não servirias para nada tripulando nossos carros».


A equipa Alfa foi ao GP do Mónaco. Desde o princípio NUVOLARI seguiu na frente e ao fim de algum tempo pode ver o carro de CARACCIOLA que ia atrás do seu. Pouco a pouco ia-lhe ganhando terreno, volta a volta ia tirando uns segundos sobre os outros.. Durante as últimas voltas reparou que o carro de NUVOLARI não seguia bem e cedo ficou a seu lado, roda a roda, tão perto que podia ver o interior do carro do italiano.


A multidão animava-o, enlouquecida de entusiasmo, comtemplando aquela grande competição entre os dois Alfa. Mas então CARACCIOLA começou a preocupar-se com a firme compreensão que existe entre os homens que constituem equipa de pilotos. Há um espírito de equipa que não lhes permite lutar uns contra os outros. Aquele que segue na liderança a meio da prova é o que deve ganhar, enquanto os outros não devem pressionar, visto que isso podia trazer acidentes, permitindo a outras equipas tirar partido disso mesmo.


CARACCIOLA pensava nisso tudo , pilotando seu carro ao lado do de NUVOLARI, pôde por um instante ver o pânico que invadia o rosto de NUVOLARI e lhe desfigurava as feições. Qualquer coisa definitivamente não estava bem no Alfa de NUVOLARI. Podia ter passado em qualquer altura, e porque não? Ele não era membro da equipa, e por outro lado os outros pilotos o tinham recebido mal e por isso não tinha obrigações nem com equipa nem com fábrica.


Mas em vez de passar o carro de NUVOLARI, travou seu carro e deixou que o italiano continuasse à frente e atravessasse a meta em 1º lugar. Quando CARACCIOLA saíu do seu carro , foi violentamente apupadp pela multidão. Foi assobiado e insultado e como tal baixou sua cabeça envergonhado. O público notou que tinha dexado NUVOLARI ganhar, e imaginava que ao correr como independente, não tinha tido a corqagem suficiente para lutar cara a cara com o italiano naquele circuito cheio de curvas perigosas. Em suma era acusado de ser cobarde.


Nunca tinha acontecido a CARACCIOLA uma coisa daquelas, nunca o tinham apupado daquela maneira. Permaneceu durante um momentode pé sobre a pista, imóvel e com a cabeça baixa, ouvindo os gritos e insultos do público. O seu mecânico aproximou.se dele:

«Porque fez isso CARACCIOLA?»

«Não sei?. respondeu em voz baixa.


O chefe das boxes Alfa aproximou-se dele a correr com braços estendidos:

«Foi qualquer coisa de estupendo RUDI, verdadeiramente honrosa de tua parte, e os outros acabam de me dizer agora mesmo se queres tomar parte da equipa de hoje em diante?»

«E CAMPARI...?»

«Foi o próprio CAMPARI quem o propôs. Os outros rapazes estão todos de acordo.»

E daquele modo CARACCIOLA, conseguiu o lugar na equipa da Casa Alfa-Romeo.


IN CARS AT SPEED


ROBERT DALEY 1965

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