O Circo de Nelson Piquet

“Piquet, vai correr pra vencer?” - “Não, acho que hoje vou correr pra chegar em 14º ou 15º”
Não esta foto não era pra ser engraçada.

Era a típica resposta de Nelson Piquet e aquela reposta que os jornalistas não queriam ouvir – bom, com uma pergunta dessas creio que eles esperavam tomar um coice mesmo e deviam gostar muito disso. E era devido a essa característica que em partes a imprensa brasileira não gostava muito de Piquet – o que acho injusto, ainda mais considerando algumas perguntas dirigidas a Nelsão.

Ok, as vezes Piquet falava mais do que a própria boca. Mas na maioria das vezes falava o que realmente pensava, com sinceridade e sem qualquer tipo de pudor e até mesmo com boas doses de uma ironia bastante inteligente e ácida – e ainda é assim.

E é desse tipo de personalidade que a Fórmula 1 carece desde os anos 1990: vivemos num mundo politicamente correto, com pilotos “certinhos” demais, com respostas politizadas e muitas vezes automáticas demais – a cada ano que passa ficam mais parecidos com jogadores de futebol respondendo a coisas óbvias como “qual a sensação de ganhar” ou “fulano de tal é um bom piloto”. Falta uma personalidade rebelde, ácida, direta como Nelsão foi em sua era.

Não pretendo ser saudosista, mas não basta ser um bom piloto. Tem de ter pelo menos um pouco de personalidade. E Piquet era as duas coisas e mais um pouco. Enquanto Elio De Angelis foi o último gentleman da Fórmula 1, Ayrton Senna o último fora de série campeão adepto da filosofia “Ou Vai ou Racha”, Nelson Piquet foi o último grande fanfarrão.

E Piquet não era somente amargureza e ironia: era divertido pra…. baralho! Aos veteranos, pergunto: há quanto tempo que vocês não vêem um piloto cometer as cenas que coloquei logo abaixo? Ao mais reventes de Fómula 1 também pergunto: há alguém com gestos tão hilários e personalidade de sobra nos dias de hoje?
“Hello Bill!” – GP de Kyalami, 1985.
 
Tirando aquele cochilo básico enquanto aguardava o reinício do GP de Silverstone, em 1986.
O clássico chifrinho no Mansell, de quem Piquet mais falou até hoje (não no bom sentido, é claro). Aqui cabem algumas citações de Piquet a respeito do inglês:
“Uma vez me perguntaram quais as diferenças entre eu e o Mansell. Respondi: Bom, pra começar ele joga golf e eu tênis; ele gosta de mulher feia e eu de mulher bonita; eu já ganhei três títulos e ele perdeu três.”

É um idiota rápido, pilota muito bem, mas é louco e não tem capacidade de acertar um carro, se deixar ele quebra todos os carros da equipe, não tem noção de nada.”
Inusitado, inusitado: Piquet mostrando as bolhas no seu pé direito para Nikki Lauda e Alain Prost no pódio do GP de Montreal, 1984. As bolhas surgiram devido a tubulação de óleo do novo radiador da Brabham, que praticamente fritou o pé do piloto.
A clássica foto da briga com Eliseo Salazar no Gp da Alemanha de 1982. O episódio já passou, Nelson e Salazar já superaram – com muitos risos, por sinal.
“Já tive muita raiva dele por aquele acidente que ele causou em Hockenheim. Isso depois de tudo o que tinha feito para ajudá-lo. Mas o tempo é o melhor conselheiro, já desabafei e já descobri também que mesmo sem o acidente não teria chegado ao fim da prova. Estive no Chile dois anos atrás e fui com muito gosto ao seu programa de TV, onde até passaram aquela cena minha dando uns cascudos nele” (Retirado do Wikiquote, trecho da entrevista original concedida ao site Pit Stop em Março de 2001).
 
Michelle Alboreto e Piquet sem gasolina após a bandeirada no GP de Nurburgring, em 1984.
No pódium do GP de Phoenix, EUA em 1991. Chifrinho em Jean-Marie Balestre e depois aquele tapinha no peito do chefão da F1 na época.
Essa daqui vai para desmistificar uma foto cortada que dá créditos dos chfrinhos no Balestre ao Piquet. A foto original e a informação aqui contida, que encontrei no PandiniGP, deixa visível que foi Alan Jones o autor do gesto. Piquet apenas estava alí ao lado, dando mais graça a cena toda. O episódio ocorreu no GP de Las Vegas, 1981.
Tirando um barato com o jornalista Murray Walker. Vídeo feito antes do GP de Estoril, em 1986.
Pra finalizar, uma seção “Pique zoando com Alain Prost”.
Na comemoração do seu GP nº 200. O vídeo já virou uma espécie de clássico na internet (confira aqui).

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