Especial Canadá: Notre-Dame e histórias de uma grande pista!

Presente no calendário de Formula 1 desde 1978 de forma quase continua, o circuito Gilles Villeneuve na ilha de Notre-Dame, Montreal, tem representado de forma brilhante o Canadá na disciplina máxima do automobilismo. Por várias vezes este circuito marcou a história da Formula 1 e aqui se escreveram capitulos muito importantes e caricatos para a modalidade. Bienvenue Au Quebec...
Especial Canadá: Notre-Dame e histórias de uma grande pista!  -

O grande prémio do Canadá faz parte do mundial de Formula 1 desde 1967 mas só em 1978 começou a disputar-se na ilha de Notre-Dame em Montreal, Quebec onde ainda hoje tem lugar. As anteriores edições dividiram-se entre Mosport Park em Ontario e Mont-Tremblant. Após 1971 esta ultima pista foi descartada devido a preocupações relacionadas com a segurança.

Passando então ao protagonista deste artigo, o circuito Notre-Dame, rebatizado Gilles Villeneuve, este teve a sua primeira edição na F1 aquando do Ano de 1978 e foi precisamente o Canadiano que dá nome a esta pista que venceu essa edição da prova. Pelos seus resultados desportivos e morte trágica (em Zolder, Bélgica), foi-lhe atribuído como homenagem o seu nome à pista situada na Ilha de Notre-Dame, o que aconteceu em 1982. Gilles Villeneuve foi também o único a Canadiano na F1 a vencer no Canadá, ele que era mesmo natural do Quebec.

Em 1982 e sob a sombra da morte de Gilles Villeneuve um mês antes, o GP do Canadá foi palco de outro grande acidente quando o companheiro de equipa de Gilles, Didier Pironi, ficou parado no primeiro lugar da grelha de partida. O piloto da Ferrari ainda sinalizou a avaria levantando a mão mas não surgiram as luzes amarelas e os semáforos passaram a verde, sendo o seu Ferrari tocado por Raul Boesel (March) que foi bater em Eliseo Salazar e Jochen Mass. Logo de seguida Riccardo Paletti que vinha de trás na sua primeira qualificação para Domingo, não conseguiu aperceber-se da situação e embateu violentamente em Pironi a uma velocidade de 180 km/h. Pironi e Sid Watkins vieram em socorro de Paletti, cujo Osella Corse Cosworth estava a pegar fogo. Paletti estava inconsciente e com sérias lesões no peito pelo impacto contra o volante. O fogo demorou algum tempo a ser extinto o que só piorou a situação de Paletti, que viria a ser transportado para o Hospital ainda inconsciente, não resistindo aí aos ferimentos e falecendo aos 23 Anos de idade.

Já no Ano de 1987 a corrida não foi disputada devido a problemas com os patrocínios, com as locais Labatts e Molson a serem as protagonistas da polémica. Durante este intervalo a linha de meta foi mudada para o local onde ainda hoje se encontra.

Na edição de 1995 foi Jean Alesi quem ganhou a corrida com o seu Ferrari, feito que coincidiu com o 31º Aniversário do piloto Francês. Esta foi a primeira e única vitória de Alesi na F1. Alesi apoderou-se da liderança quando Michael Schumacher parou com problemas elétricos e Damon Hill abandonara com uma falha no sistema hidráulico - é esta componente que falta à F1 de hoje - e esta vitória ficou popular particularmente após várias mal recompensadas exibições no Ano anterior, nomeadamente em Itália 1994. Alesi era um piloto de grande talento e rapidez mas sofria de inconsistência e de pouca sorte, alem de que tinha por hábito excitar-se demasiadamente em pista. Esta vitória de Alesi foi também nomeada a vitória do Ano na F1 e no final da corrida o Francês apanhou boleia do carro de Schumacher quando o seu Ferrari ficou parado na pista sem gasolina.

Em 1997 a corrida foi parada devido ao acidente de Olivier Panis com o seu Prost Mugen Honda. Panis despistou-se na curva 5 e em resultado teve uma dupla fratura das pernas, ficando afastado por nove corridas. Esta edição também marcou a estreia do Austríaco Alexander Wurz com a Benneton, ele que veio tomar o lugar do também Austríaco Berger por problemas de saúde.

Em 1998 a corrida ficou marcada por novo grande acidente à partida e o protagonista foi precisamente Wurz que aqui se estreara no Ano anterior. O Austriaco tentou passar Alesi (Sauber) por dentro mas já não havia espaço e o Benneton acabou por galgar o Sauber do Francês e dar várias cambalhotas para ficar capotado na escapatória. Este acidente envolveu também Jarno Trulli (Prost) e o colega de equipa de Alesi na Sauber Johnny Herbert. Na segunda partida e com vários pilotos a recorrerem aos carros de reserva, Mika Hakkinen que largava da Pole sentiu problemas de caixa e foi ultrapassado por toda a gente no arranque. Ralf Schumacher perdeu o controlo do seu Jordan nos esses e gerou a confusão, acabando Alesi e Trulli de novo envolvidos e o carro de Trulli a pegar fogo. Ron Dennis bem que pediu uma terceira partida devido aos vários incidentes novamente registados mas apenas houve Safety Car. Ainda nesta corrida assistimos à manobra marota de Schumacher (Ferrari) a H. H. Frentzen (Williams Mecachrome), quando o primeiro saia das boxes e o segundo se encontrava na trajectória. Frentzen ficou preso na gravilha e Schumacher acabaria por ser penalizado com um Stop and Go de 10 segundos pelo incidente, embora isso não impedisse o Alemão da Ferrari de vencer ainda assim a corrida perante um esforçado Giancarlo Fisichella (Benneton Supertec).

No Ano seguinte, em 1999, a última curva do circuito Gilles Villeneuve tornou-se famosa devido aos muitos acidentes ali sucedidos envolvendo campeões do mundo da modalidade. Damon Hill, Michael Schumacher e Jacques Villeneuve foram alguns dos que bateram naquele muro que tinha inscrito o slogan “Bienvenue au Québec” (bem vindo ao Quebec). O muro ficou então ironicamente conhecido como o muro dos campeões, dos que foram e dos que viriam a ser. Tambem Ricardo Zonta bateu neste muro ele que detinha à altura o título do FIA GT sports car. Em Anos mais recentes, o campeão de GP2 Nico Rosberg e o Campeão da Formula Cart Juan Pablo Montoya também foram vítimas deste muro onde também bateu o piloto Português Tiago Monteiro. Na partida desta edição 1999, novo acidente entre Alesi e Trulli, eles que se mantinham nas mesmas equipas face ao Ano anterior. A corrida registou muitos abandonos e incidentes e foi o primeiro GP de F1 da história a terminar sob condições de Safety-Car. O Safety Car entrou para as boxes na última curva e todos os carros terminaram a corrida em fila mas sem se poderem ultrapassar pois era a ultima volta e só após a meta (onde a corrida já estaria terminada) eram permitidas ultrapassagens. O vencedor foi Mika Hakkinen em Mclaren.

Em 2001, o Canadá foi o palco do primeiro pódio 1-2 entre irmãos com Michael Schumacher a vencer num Ferrari e Ralf Schumacher a terminar em segundo com o Williams BMW, situação que voltou a repetir-se em 2003 com os mesmos protagonistas na mesma ordenação. A corrida de 2001 também ficou marcada pelo melhor resultado da época para a equipa Prost com Jean Alesi, ele que celebrou o quinto lugar obtido fazendo vários ‘donuts’ na pista e atirando o seu capacete para o meio da multidão.

Em 2005 o GP do Canadá, pela sua mística e espetacularidade conseguiu o feito de ser o evento mais visto no Mundo em termos de F1 e foi mesmo o terceiro evento desportivo mais visto de Ano atrás da Final da Champions League e da Super Bowl XXXIX.

2007 foi o Ano em que Lewis Hamilton, estreante com um Mclaren, obteve no Canadá a sua primeira vitória. Nesta corrida Takuma Sato foi votado como piloto do dia pelo site da ITV apesar da vitória de Hamilton. Esta distinção ao Japonês prendeu-se com o fato de este ter feito várias brilhantes manobras face a Alonso, Raikkonen e Ralf Schumacher. Esta corrida ficou também marcada pelo terrível acidente de Robert Kubica que veio por à prova a segurança na F1. O piloto Polaco da BMW ficou inconsciente e foi transportado para o hospital onde apenas lhe foi diagnosticada uma entorse no tornozelo que o forçou a falhar a corrida seguinte nos EUA onde se estreou na F1 Sebastian Vettel em sua substituição. O Jovem Alemão acabou por arrancar um ponto com um 8º lugar. Nas semanas anteriores ao Grande Prémio do Canadá os oficiais prenderam o maior número possível de castores por razões de segurança mas ainda assim Ralf Schumacher viu a sua qualificação estragada por um castor e na corrida Anthony Davidson bateu noutro castor e teve de parar para reparar a asa dianteira.

Depois do terrível acidente em 2007, Kubica provou a sua fibra como piloto e conquistou precisamente no GP do Canadá de 2008 a sua primeira e até hoje única vitória na F1 ao volante de um BMW.

No Ano seguinte, em 2009, a corrida não se realizou pela segunda vez desde a estreia desta pista em 1978. As causas foram dificuldades financeiras e desentendimentos dos organizadores com Bernie Ecclestone. Para 2010 a corrida foi incluída no calendário como provisória mas veio a ser confirmada após o pagamento de uma verba de 15 milhões que assegurou felizmente a realização da prova, num contrato válido até 2014.

E aqui estamos nós outra vez em 2011 no GP do Canadá em Montreal para mais um grande prémio

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