O March 881

O post do leitor desta segundona foi enviada por Rafa Dias.

O ano de 1988 teve uma temporada de Fórmula 1 que é lembrada com carinho pelos brasileiros. Senna vencia a briga com Prost na Mclaren Mp4/4, correndo longe do resto do pelotão e vencendo o campeonato mundial. O domínio da equipe inglesa era tamanho que obteve 15 vitórias em 16 provas. Berger levou o GP da Itália para a sua Ferrari.

Nesse ano comecei a acompanhar corridas de automóvel junto do meu pai. Era um barato começar a tomar gosto por elas desse modo. O grid da Fórmula 1 era bem povoado, colorido, havia a vibração natural pelo Senna, mas o carro que chamava a minha atenção era um pintado de azul.

A March afastara-se da Fórmula 1 em certas temporadas dos anos 70 e realizou um forte trabalho em categorias menores e na Fórmula Indy, com muito sucesso. No ano de 1987 retornou com força à principal categoria, tendo o aporte de uma imobiliária japonesa e utilizando uma adaptação do seu chassis de F3000 para o motor Cosworth V8. Aos trancos e barrancos a equipe dava novamente as caras com um único piloto, Ivan Capelli, e reforçava a sua identidade visual.

Era linda a combinação do tom de azul com o simpático logo da equipe.


Se nessa primeira temporada o time teve em pista apenas 1 ponto conquistado num sexto lugar em Mônaco, nos bastidores o trabalho para 1988 era forte.

Adrian Newey criava um dos carros mais belos que a categoria já teve, o March 881. Com motor Judd num sensual e envolvente desenho. Esse carrinho me fez torcedor fiel do time até o seu fim.
A bala de anis do colorido e cheio grid de 1988 trazia como pilotos o italiano Ivan Capelli, que entrava no seu segundo de cinco anos no time, e o brasileiro Maurício Gugemin. O motor Cosworth dava lugar ao competente Judd V8 de 3.5cc e aspirado, acomodado no chassi criado por Newey.






Na pista o carro chamava a atenção pelo lindo layout e por um belo estilo “garrafa de Cola-Cola”. Mas agora também havia bom rendimento e resultados em pista. A belezura incomodava a concorrência.

Vejamos. Capelli fechou a temporada na sétima colocação, tendo uma temporada regular e como melhores resultados a terceira posição na Bélgica e a segunda em Portugal. Gugelmin fecharia o ano na décima-terceira colocação, vivendo seu ponto alto em um quarto posto na Inglaterra.


Mas o carro de Newey tinha lá os seus problemas. Projetado em túnel de vento, de fora para dentro, deixava o piloto em apuros. No vídeo abaixo vemos Jackie Stewart avaliando, sem papas na língua, o carro para um programa de tv. O espaço para o piloto no habitáculo era mínimo, acomodar braços e pernas era um martírio, a ponto de membros ficarem dormentes durante a corrida. Tudo relatado pelo escocês, que concluía ser impossível retirar tudo que o carro podia dar de performance nessas condições.



Com beleza, velocidade e lá os seus defeitos, esse carrinho trouxe uma legião de fãs para a simpática equipe que, infelizmente, não emplacou e ficou pelo caminho no início dos anos 90.

  

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