Teoria da Evolução e Involução

O post do leitor de hoje foi enviado por Claudio Souza.

A Evolução e o Retrocesso

Assim como na evolução humana, os pilotos também evoluiram tecnicamente com o passar dos anos, mas houve uma involução perceptivel na personalidade do esportista.

Estamos chegando a mais uma decisão de Mundial de F1, e verificamos mais uma vez o renascimento do bravíssimo espanhol Fernando Alonso, que surpreendentemente entrou na luta pelo tricampeonato mundial. O espanhol, pioneiro de títulos e vitórias na categoria pelo seu país, vai tentar entrar de uma vez para a história da F1, mas analisando seus ultimos acontecimentos tanto esportivos quanto morais, é dificil engolir o fato de Alonso entrar para a história como um dos grandes, mas por que?
Alonso como piloto é espetacular. Arrojado, rápido e cerebral quando precisa ser, Fernando é de uma estirpe de pilotos cujo a evolução vem se mostrando permanente desde os anos 70. Mas seu caráter moral dentro das pistas e em algumas ações fora dela, prova que com o passar dos anos, houve um retrocesso brutal nesse aspecto em comparação com os anos 70.

Moralidade e esportividade, cada vez mais distante um do outro

De acordo com o estilo de pilotagem, o primeiro piloto desta "dinastia" foi Ronnie Peterson. O sueco falava pouco mas acelerava muito e tinha uma extrema habilidade para controlar seus carros. Suas manobras controladas nas quatro rodas conquistou fãs mesmo sem ter sido campeão mundial. Extremamente calmo, era de personalidade tranquila e não tinha apreço por confusões. Oportunidades não lhe faltaram tendo Colin Chapman como chefe. Morreu em 1978 depois de ter aceitado condições super adversas para correr na equipe Lotus de Colin.

Peterson conquistou fãs na década de 70 graças ao seu arrojo.

Apos o falecimento do sueco, o canadense Gilles Villeneuve apareceu com um estilo semelhante, porem com mais agressividade. O canadense era arrojo puro e não desistia fácil de uma batalha pela vitória. Sua habilidade no controle de seus carros era única e, em sua época, era considerado o mais arrojado de todos. Gilles foi o grande ídolo da Ferrari e conseguiu um vice-campeonato em 1979. Aceitou as ordens do chefão Enzo Ferrari e não atrapalhou os planos da equipe em privilegiar Jody Scheckter tamanha sua fidelidade a Scuderia.

Gilles, sem sombra de dúvidas, era a evolução esperada de Ronnie Peterson. Aliava o atrevimento e o carisma que faltavam no sueco com o arrojo e a habilidade. Faltou-lhe um pouco mais de esperteza e concentração para vôos maiores. Seu caráter era amplamente elogiado no circo da F1 e seu então chefe, Enzo Ferrari, cansou de enaltecer sua personalidade exemplar. Morreu em 1982 nos treinos em Zolder, na Bélgica.

O Arrojo de Gilles marcou uma Era na F1

A Fórmula 1 esperou por apenas dois anos para ver a evolução de Gilles. Em 1984 estreava Ayrton Senna da Silva. O Brasileiro deixou suas credenciais no GP de Mônaco com um desempenho debaixo da chuva tipica das melhores corridas do canadense. Ultrapassou, raspou o pneu no muro várias vezes, controlou com habilidade o carro em condições adversas e quase venceu a corrida. Sua vida na Fórmula 1 foi marcada pela sua extrema coragem, determinação, arrojo puro e controle mental, algo que faltou nos dois pilotos antecessores. Senna aliou toda sua habilidade com o poder de concentração aliada a condição física para conseguir seus três títulos mundiais em lutas ferozes contra os seus rivais.

Senna tinha uma personalidade díficil. No Brasil era amado pela maioria e criticado pela minoria. Alguns o acusavam de marqueteiro, e outros o idolotravam por sua postura patriótica e exemplar. Ayrton morreu no auge da carreira, o que canonizou sua imagem. Mas Senna, diferentemente de Ronnie e Gilles, possuia a malícia necessária para lutar e abusou de manobras arriscadas, e ás vezes, sujas se analisarmos o "modus operandis" da F1 atual.

Ayrton Senna foi a evolução natural de Ronnie e Gilles. Um diamante bruto que foi lapidado.

Arrojo e coragem aliado a malicia e uma pitada de desportividade, a receita ideal para os títulos.

Porque - desportividade - ? Não precisamos esmiuçar sua carreira para ver que Ayrton Senna também teve seus dias de imoralidade. Suas disputas por títulos mundiais de 1989 e 1990, a fechada descarada em Alain Prost durante o GP de Portugal de 1988 e outras manobras não nos deixou dúvidas que Ayrton foi uma evolução como piloto dentro das pistas e como personalidade esportiva e moral, foi o ápice da aceitação. Para alguns, foi o ínicio do mau exemplo.

Alguns o condenaram por manobras arriscadas demais e outros o glorificaram por sua bravura e tenacidade. Ayrton morreu em 1994 durante o GP de San Marino quando liderava o seu sucessor na dinastia - Michael Schumacher.

E foi exatamente o homem que assistiu a morte do tricampeão de camarote que trabalhou para se tornar a evolução natural desta estirpe de pilotos na F1. O Alemão Michael Schumacher entrou na F1 de maneira polêmica. Bancado pela Mercedes-benz, o alemão conseguiu um carro da Jordan para estrear na categoria e logo após sua boa estréia, conseguiu uma vaga na Benetton no lugar do brasileiro Roberto Pupo Moreno.

Após a morte de Senna, o alemão emplacou vitórias e mais vitórias. Seu título em 1994 foi controverso após uma polêmica batida contra o seu rival - Damon Hill. Nesta atitude percebemos que para conseguir seus objetivos, o alemão era capaz de tudo. Tivemos um péssimo exemplo de esportividade e moralidade.
O Bicampeonato foi incontestavel. Humilhou seus rivais e conseguiu vitórias épicas como no GP da Europa e no GP alemão.

Mas sua imagem, mais uma vez, foi arranhada. Respeitado como o melhor de piloto do mundo até então, Schumacher resolveu jogar seu carro novamente contra um rival na disputa por um título mundial. Desta vez, a vítima foi Jacques Villeneuve em 1997. Desta vez, o tiro saiu pela culatra, e além de perder os pontos, o vice campeonato, teve sua reputação colocada em xeque.

Assustadoramente rápido, arrojado e eficaz, Schumacher herdou de Senna o "status" de Rei da F1.

Em questão de moralidade e esportividade, Schumacher retrocedeu a dinastia dos bravos pilotos.

Sua velocidade, determinação, coragem e arrojo sempre saltaram aos olhos. Para Schumacher, pilotar no limite por uma grande quantidade de voltas parecia tão simples quanto chutar uma bola de futebol. Schumacher elevou o nível dos pilotos a uma estratosfera que parecia ser dificil de ser atingida. Seus títulos de 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004 foram a prova cabal de sua eficiência. Aliando todas as habilidades já citadas, ao um rígido programa de preparo físico e uma eficiente leitura de corrida, Michael Schumacher foi a evolução do legado deixado por Ayrton Senna. Em questão de moralidade, Schumacher deu um show de retrocesso. Além das polêmicas disputas contra Damon Hill em 1994 e Jacques Villeneuve em 1997, não podemos esquecer de seus pegas com David Coulthard na Argentina em 1998, no mesmo ano, uma covarde fechada em Heinz Harald Frentzen na saída dos boxes no GP do Canadá, sem contar o vergonhoso episódio da marmelada austríaca em 2002, quando teve uma vitória dada de presente por seu companheiro Rubens Barrichello.

Michael Schumacher, um piloto que dispensa comentários mas no que tende a personalidade, caráter esportivo, um tenebroso retrocesso. Eis que chegamos no espanhol, Fernando Alonso foi o piloto que quebrou a série de títulos do alemão no novo século. Combativo, eficiente, arrojado, rápido e determinado, o espanhol derrotou Schumacher em 2005 e 2006. Como piloto, é muito dificil dizer que tivemos uma evolução em comparação ao alemão, mas sem dúvidas, Alonso é o unico piloto da nova safra que possui todas as habilidades encontradas no alemão mas moralmente, tivemos mais um retrocesso nesta teoria.

Schumacher encontrou em Alonso, um garoto jovem e veloz, a capacidade de vencê-lo.

Na Evolução dos pilotos, Alonso tem o arrojo, bravura, determinação, coragem, controle emocional e físico além da malícia.

Após o bicampeonato, Fernando Alonso agradeceu a pouco mais de três pessoas e retificou que ninguém mais merecia seus agradecimentos. Em 2007, envolveu-se em grave polêmica com sua própria equipe - McLaren. Após disputa interna contra Lewis Hamilton, Alonso queria o "status" de número 1 na equipe, algo que Ron não o fez. O auge da confusão foi a sua delação premiada sobre a polêmica da espionagem entre McLaren e Ferrari.

Alonso voltou para a Renault em 2008 e envolveu-se em mais uma grande polêmica. O espanhol beneficiou-se do acidente proposital do seu companheiro de equipe - Nelson Angelo Piquet, e ganhou o GP de Cingapura. O caso foi descoberto em 2009, resultando na expulsão de Flávio Briatore da categoria, a saída de Nelson A. Piquet da F1 e a ruptura do contrato de patrocínio entre o banco holandês ING e a equipe. Inacreditavelmente, Alonso saiu ileso desse estrago com um argumento conhecido por nós brasileiros "eu não sabia de nada".

Falta pouco para o espanhol entrar de vez na história da F1, tanto para o bem quanto para o mal.

Fernando Alonso agora é piloto Ferrari. Assim como seu antecessor era. Alonso é bicampeão do mundo e luta pelo tri na Ferrari, exatamente igual a Michael Schumacher em 1996/1997/1998/1999. E seu estilo arrojado continua o mesmo, senão melhor, pois seus ultimos desempenhos comprovaram que, quando Alonso está com um carro acertado e equipe focada, torna-se um adversário duríssimo de ser batido. Mas as polêmicas o perseguem. O que dizer do GP da Alemanha de 2010? quando apos suas reclamações de que Felipe Massa estava lento e que isso era uma vergonha, conseguiu vencer graças as ordens de equipe?

Analisando toda esta "dinastia" de pilotos, chegamos a conclusão de que, os pilotos tem tido uma evolução técnica década após década, mas moralmente, os pilotos tem tido um péssimo retrocesso. O que esperar de Sebastian Vettel ou Lewis Hamilton? Possíveis herdeiros do trono... é esperar e rezar...

fonte: http://www.paddockinfo.blogspot.com/

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