Conheça o piloto que quer levar o Brasil de volta ao topo da F3

O site Terra, entrevistou o brasileiro Felipe Nasr, veja a entrevista.

Uma das categorias mais tradicionais do automobilismo mundial, a Fórmula 3 Inglesa já cedeu vários campeões a outras categorias do esporte a motor, principalmente à Fórmula 1. Jim Clark, Jack Stewart, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna e Mika Häkkinen foram campeões em ambas, demonstrando como a F3 inglesa é uma escola de grandes pilotos. Além deles, outros grandes nomes passaram pela F3, sem títulos, mas acabaram campeões na F1, caso dos ingleses Jenson Button e Lewis Hamilton.

E se para o automobilismo mundial a F3 inglesa é uma competição importante, para os brasileiros é ainda mais especial. O País só tem menos títulos que os britânicos, berço da categoria. De Emerson Fittipaldi, em 1969, a Nelsinho Piquet, em 2004, são nada menos que 11 vezes, com 11 pilotos diferentes.

Além dos três campeões brasileiros da F1, pilotos como Rubens Barrichello e Carlos Pace já terminaram em primeiro lugar. Contudo, os brasileiros vivem um jejum de sete anos. Desde Nelson Ângelo Piquet, apenas Bruno Senna, em 2006, terminou entre os três primeiros. Mas a maré ruim parece estar virando.

O jovem Felipe Nasr (lê-se Nasser), após seis etapas do campeonato 2011, lidera com mais de 100 pontos de diferença para o segundo colocado. Vindo de uma família tradicional do automobilismo nacional - o tio Amir e o pai Samir comandam equipes na Stock Car, Itaipava GT e Brasileiro de Marcas -, Felipe começou desde cedo no kart.

Uma das maiores esperanças do automobilismo, Nasr contou ao Terra um pouco sobre a carreira e tentou explicar porque os brasileiros há alguns anos não tem obtido bons resultados em competições internacionais.

Confira na íntegra a entrevista com Felipe Nasr:

Terra: quantos anos você tem? Em que mês você nasceu?
Felipe Nasr: Eu tenho em 18 anos. Nasci em 1992, vou fazer 19 em agosto.

Terra: quando surgiu o interesse pelo automobilismo?
Felipe Nasr: Eu cresci no meio do automobilismo, meu tio, Amir (Nasr) e meu pai, Samir (Nasr), sempre estiveram envolvidos em corridas, há mais de 25 anos eles trabalham com isso. Eles fizeram Fórmula 3 (Sul-Americana) aí no Brasil, Stock Car, e eu sempre estava no meio, mesmo sendo criança. Eu deveria ter uns seis, sete anos e já gostava de assistir, mas nunca me imaginava nesse meio, sendo um piloto, até que um dia meu pai me levou em um kartódromo e disse: "hoje você vai dar umas voltas de kart" e foi sensacional. Foi a coisa mais diferente que eu tinha feito na vida até aquele momento. Eu fiz esse treino com sete anos e no ano seguinte já estava levando o kart um pouco mais a sério, comecei a competir em campeonatos regionais, fui para São Paulo. Depois começaram os campeonatos brasileiros, a Copa do Brasil, esses campeonatos mais importantes, e fui me profissionalizando no kart.

Terra: você permaneceu quanto tempo no kart?
Felipe Nasr: Até os meus 16 anos.

Terra: os custos do esporte eram bancados pelo envolvimento da família com automobilismo?
Felipe Nasr: Isso. Na verdade, os patrocinadores eram os mesmos. Eles passavam os patrocinadores da Stock para o meu carro ou da Fórmula 3, como se fosse uma parceria. Eles ajudavam: uma parte da família, outra de patrocinadores.

Terra: e como foi a carreira no kart até chegar à Fórmula 3?
Felipe Nasr: Logo aos 16 anos, quando eu fiz as últimas corridas de kart, eu não tinha plano nenhum de vir para a Europa. Isso em 2008. Eu cheguei a fazer uns treinos em Brasília de Fórmula 3, porque a gente estava pensando em entrar na F3 Sul-Americana em 2009.

Depois, surgiu o convite da Fórmula BMW Américas para fazer a última rodada do campeonato em 2008, que seria em Interlagos. E eles convidaram a equipe do Amir para ir.

Os carros vieram diretamente dos EUA, chegaram ao Brasil, a gente teve apenas uma semana para preparar o Fórmula BMW, carro em que nunca tinha andado antes e fui fazer minha estreia em Interlagos, em São Paulo, sem nunca ter conhecido a pista. E logo de primeira classifiquei para as duas baterias em terceiro. Foi uma surpresa para muitos. A primeira prova eu fiquei em quinto, e a segunda em terceiro.

Daí veio o convite do Antonio Ferrari, dono da equipe EuroInternational, para ir treinar no México. Depois fomos com patrocínios para parte da temporada. Mas logo no primeiro ano as coisas deram certo e ganhei o campeonato mesmo sem conhecer as pistas.

Isso acabou abrindo portas para minha carreira. Steve Robertson, manager do Kimi Raikkonen, foi um dos que se ofereceu para gerenciar minha carreira. Havia outros, mas escolhi o Steve porque ele não agencia mais ninguém além do Raikkonen. Então ele está focado só na minha carreira. Acho que vai dar certo.

Terra: como foi a entrada para a Fórmula 3 Inglesa?
Felipe Nasr: Steve (Robertson) já tinha uma equipe na categoria. Tínhamos a opção da Fórmula Renault ou da F3 Inglesa e, como ele já tinha a equipe, optamos por ficar aqui, onde há muitos treinos e só 30 corridas no ano. No ano passado, porém, não tivemos um carro competitivo e consegui terminar em quinto, mesmo sem conhecer as pistas.

Terra: e como está sendo em 2011?
Felipe Nasr: A mudança de equipe foi feita pelo Roberston, que optou pela Carlin (equipe campeã de 2010). Agora realmente é um pacote e eu estou conseguido mostrar meus resultados.

Felipe Nasr lidera o campeonato da F3 inglesa, com 237 pontos. Em 18 corridas, o brasileiro venceu sete e chegou quatro vezes em segundo. O vice-líder no campeonato é o colombiano Carlos Huertas, que tem 133 pontos.

Terra: os brasileiros tem 11 títulos da F3 inglesa, contudo, nenhum vence desde 2004. Como você enxerga isso?
Felipe Nasr: Na verdade é a geração. Essa demora toda vem pelo fato de os pilotos brasileiros terem optado por continuar no Brasil nos últimos anos, participando das categorias nacionais. Aqui, o profissionalismo é outro e eles acabam não garantindo esse sucesso que conseguem no Brasil.

Aqui na Europa as equipes estão mais evoluídas. São poucos os que saem do Brasil e nem todos conseguem obter títulos. Mas isso depende da geração de pilotos que vai sendo criada. Esse ano, por exemplo, temos cinco brasileiros na Fórmula 3 inglesa. Acredito que é coisa do momento.

Terra: a Fórmula 3 inglesa ainda é um trampolim importante para a F1?
Felipe Nasr: Os pilotos que se deram bem na F3 acabaram sendo bem testados. É uma categoria que tem uma importância muito grande, pois é muito técnica. O Jaime Alguersuari e o Daniel Ricciardo (pilotos da Toro Rosso) ganharam aqui em 2008 e 2009 e depois disso ainda passaram por outras categorias antes de chegar a F1. Hoje eu acho difícil ir direto, mas eu te garanto que se você tiver sucesso na F3 inglesa, as equipes de Fórmula 1 ficam de olho.

Terra: quem você admira na Fórmula 1?
Felipe Nasr: Sempre fui um grande fã do Ayrton Senna. Um dos maiores que já vi. Mas hoje em dia temos o (Fernando) Alonso, o (Sebastian) Vettel e o (Lewis) Hamilton. Acho que esses três são os melhores no momento.

Terra: você pretende seguir carreira na Europa?
Felipe Nasr: O foco está na Europa. Vamos tentar trazer esse titulo esse ano. E no ano que vem vamos tentar fazer a World Series e a GP2. Esse é o principal foco.

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