Grande Prêmio da Inglaterra de 1986

O Grande Prêmio da Inglaterra de 1986 seria especial por vários motivos. O primeiro era o retorno de Frank Williams ao paddock da F1 e quando o chefe de equipe chegou de cadeira-de-rodas numa sala de imprensa, ele foi aplaudido de pé, com Nelson Piquet chegando a fazer uma brincadeira com o chefe. Outro era o recorde de corridas de Jacques Laffite. Um dos pilotos mais populares e simpáticos da F1 estava sendo muito festejado por todos e ironicamente iria igualar este recorde, que pertencia a Graham Hill, na casa do inglês.




Falando nisso, desde os tempos de James Hunt os ingleses não estavam tão empolgados com um piloto seu. Nigel Mansell havia vencido a corrida anterior na França e fazia uma temporada surpreendente para um piloto que até aquele ano era o coadjuvante dos coadjuvantes na F1. Mansell fez com que uma multidão superior a 120.000 pessoas lotasse Brands Hatch para a sua última corrida na F1. E Mansell não poderia fazer feio. Porém, o inglês tinha um companheiro de equipe tão ou mais rápido do que ele e ainda estava mordido com a situação dentro da equipe. Nelson Piquet estava cada vez mais chateado com a Williams e não ter o status de primeiro piloto na equipe e cada vez mais mostrava sua contrariedade. Piquet tirou o doce da boca de Mansell e ficou com a pole, enquanto Senna, sempre com a pole nas mãos nas etapas anteriores, desta vez ficou longe da briga pela ponta entre os pilotos da Williams, que prometiam uma batalha ainda mais excitante no domingo.


Grid:

1) Piquet(Williams) – 1:06.961

2) Mansell(Williams) – 1:07.399

3) Senna(Lotus) – 1:07.524

4) Berger(Benetton) – 1:08.196

5) Rosberg(McLaren) – 1:08.477

6) Prost(McLaren) – 1:09.334

7) Fabi(Benetton) – 1:09.409

8) Arnoux(Ligier) – 1:09.543

9) Warwick(Brabham) – 1:10.209

10) Dumfries(Lotus) – 1:10.304


O dia 13 de julho de 1986 estava um dia quente e bonito em Brands Hatch, o que não deixa de ser novidade na Inglaterra. Mais um motivo para que a torcida fosse ao tradicional autódromo torcer loucamente para Nigel Mansell. No warm-up, Nelson Piquet praticamente vetou seu carro reserva, pois ele tinha sido muito mais lento do que seu titular. Esse fato seria essencial mais tarde. Na largada, Mansell parece mais rápido do que Piquet, mas o inglês se empolga e acaba quebrando seu semi-eixo, ficando rapidamente para trás, engolido pelo pelotão. O problema que no afã de desviar de Mansell, Thierry Boutsen acabou tocado por Johansson e o belga bateu forte no guard-rail, voltando para a pista rapidamente, não dando chances a Jonathan Palmer, que foi atingido pelo Arrows e levou consigo Jacques Laffite, com o francês batendo fortemente de frente no guard-rail.


Vários carros acabam atingidos pela confusão, mas a maior preocupação recai em Laffite. Palmer, um médico de formação, percebe o desespero de Laffite, que fazia gestos dentro do cockpit e é o primeiro a assisti-lo. Na verdade, o francês, que bateria o recorde de Graham Hill naquele dia, estava preso no seu Ligier e com as pernas quebradas. A corrida foi interrompida. Foi preciso meia hora para retirar o pequeno corpo de Laffite nas ferragens da Ligier e o francês de 42 anos foi levado para um hospital maior para fazer cirurgia reparadora, enquanto abandonava a F1 definitivamente de forma melancólica. Enquanto Piquet dormia dentro do seu cockpit, Mansell voltava aos boxes para usar o carro reserva do companheiro de equipe, teoricamente, dando mais chances ao brasileiro. Na segunda largada, Piquet sai muito bem, enquanto Mansell tem que se defender dos ataques de Berger, que larga muito bem e deixa Senna, que sempre larga muito bem, para trás. De forma surpreendente, Berger ultrapassa Mansell na curva Hawthorne e assume a segunda posição, enquanto Piquet disparava.


Após o susto inicial, Mansell só esperou duas voltas para contra-atacar e retomar a segunda posição de Berger. O inglês passaria a atacar ferozmente Piquet, com todo o apoio da torcida que lotava em Brands Hatch. O ritmo dos dois pilotos da Williams era alucinante e ninguém estava no mesmo patamar de Piquet e Mansell. A corrida seria decidida entre eles. E o momento decisivo veio num erro de piloto, bastante comum na época, mas impossível hoje. Na volta 23, Nelson Piquet erra uma marcha e Mansell passa de passagem pelo companheiro de equipe, mas o brasileiro não deixa o inglês escapar, com ambos andando muitos próximos. Senna, praticamente o único na mesma volta dos líderes, abandona a corrida e o terceiro lugar fica para Arnoux, mostrando o quão bom era o ritmo da Ligier, para desespero de Laffite. O ritmo de Mansell e Piquet era tão próximo, que praticamente não havia tentativas de ultrapassagens, mas com a diferença nunca sendo superior a 1s. Com isso, a corrida seria decidida nos boxes.


No Brasil, havia a crença geral de que a inglesa Williams atrapalhava Piquet para ajudar Mansell nos pit-stops. Piquet parou primeiro e realmente houve um pequeno atraso na hora de trocar o pneu dianteiro esquerdo, mas o brasileiro voltou rapidamente à pista. Mansell parou apenas algumas voltas depois e numa parada praticamente perfeita, o inglês estava de volta à pista. Precisando cuidar dos pneus novos e frios, o inglês foi facilmente ultrapassado pelo Lotus do retardatário Dumfries. Já com os pneus aquecidos, Piquet rapidamente encostou no companheiro de equipe e tentou a ultrapassagem bem na frente onde estava boa parte da torcida inglesa. Mansell não se fez de rogado e fechou a porta de Piquet, para delírio da torcida. Porém, Piquet parecia mais forte com os pneus mais aquecidos e após tentar ultrapassar na Paddock Bend, Piquet tinha tudo para completar a manobra na Druids, mas quando estava a ponto de colocar por dentro, ele acabou atrapalhado por uma Minardi. Aquela fora a chance derradeira. Quando os pneus de Mansell atingiram a temperatura ideal, o inglês imprimiu seu ritmo forte e mesmo tendo Piquet colado em sua traseira, Mansell não foi mais ameaçado seriamente e levou o público ao delírio em Brands Hatch, vencendo na frente dos seus torcedores. Prost chega em terceiro, mas a uma volta do vencedor e isso significava que o francês perdia a liderança do campeonato, enquanto Mansell liderava o certame da F1 pela primeira vez na carreira. Foi uma festa inesquecível, principalmente para Mansell e sua torcida, que faziam a primeira das várias festas que ambos protagonizaram nos anos seguintes.


Chegada:

1) Mansell

2) Piquet

3) Prost

4) Arnoux

5) Brundle

6) Streiff

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